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SEM LINHA


Desta vez não queria saber de gritar para dentro como era de costume.

A efervescente ebulição de sua alma rasgava seu corpo.

Alimentou seu monstro interno por décadas.

Grande e inflado ele rompeu as amarras.

Erguendo os braços se manifestou.

Ao estilo super-herói rasgou a roupa fazia tempo apertada. Não lhe cabia mais.

Fizeram-na encolher, abaixar, dobrar os joelhos. Resistira.

Aprendera a coexistir.

Agora sentia tudo. Sentindo tudo dançava. Sem música, tampouco festa.

Bailava sem controle.

Erguendo os braços se manifestou.

Assumiu o enlouquecimento.

Louca e livre.

Berrava sóbria.

Inebriada de amor próprio.

Subiu na balança. Quebrou o espelho.

Jogou o salto alto no mar.

Soltou o cabelo no ar.

Deixou a roupa que restou perdida no asfalto.

Nua e sua.

Agradeceu o momento.

Plena e pura.

Sem linha nem costura.

Nunca reta.

Sempre curva.





Imagem: Unsplash/Suetlana Pochatun

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