
Notei quando você esqueceu seu brinquedo perto do poste.
Eu vi.
Não avisei.
Linda cor.
Esperei que se afastasse para ter certeza de que não retornaria.
Custo a desapegar.
Por isso a cautela.
Nunca tive um brinquedo para chamar de meu.
Eu sempre fui um brinquedo.
Daqueles esquecidos.
Daqueles produzidos sem estímulo.
Longe dos iguais a mim.
Saudosa do que não existiu.
Gostei do seu brinquedo.
Lembrou a criança que habita em mim.
Esquecida adormece em um canto de um amplo sem fim.
Vou colorir de sonho a terra.
Erguerei um castelo cinza.
Produzirei sombra no chão.
O sol fechou.
A noite abriu.
Larguei o brinquedo.
Você retornou - eu não vi.
Imagem: Ângela Márcia
Rodada 101 Caneta,Lente &Pincel
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