
Coitadinha da Maricotinha!
Tão jovenzinha sentadinha na última cadeirinha da salinha de aula de sua escolinha.
Tão aplicada, tão dedicada.
Estudiosa e autodidata. Melhor aluna da classe.
A pandemia chegou e a molecada tresloucada que nada sabia enchia o saco da guria. Nas opções se perdiam. Era live do fulano. Show da celebridade do momento . Bate-papo de quatro no WhatsApp. Zoom com a galera da praia. Performance do amigo artista.
Quando a aula on line acontecia era aquela correria.
Formavam grupos na web e lá enfiavam a mocinha.
Mais para explorar do que para trocar.
E sem graça de pular fora, lá ia ela contrariada interagir calada.
Gostava de ficar em casa a Maricotinha com seu gatinho e seus livrinhos.
Sabia que não era popular, mas para ela isso era um alívio.
A realidade trocada maltratava a pobrezinha.
Tantos convites, reuniões e interações transtornavam a infeliz.
Gostava mesmo era de não ser encontrada.
Estava saudosa dos tempos de ida à escolinha. Com a presença onipresente sem dar ciência, podia se fazer ausente mais claramente.
Com a ordem de ficar em casa o esconderijo virou embuste. Todos sabiam onde estava e podiam prever.
Bons tempos quando dos chatos podia correr.
Peninha da Maricotinha!
Já está ansiando por adoecer, só assim para fazer-se esquecer.
Quando da vida real nunca foi de aparecer, agora reclusa não conseguia desaparecer.
Tadinha da Maricotinha!
Imagem: Unsplash/Feliphe Schiarolli
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