
É pavoroso. Assustador por não sabermos objetificar.
Espreita. Observa.
O coração bate mais rápido. Sentimos substâncias que não sabemos nominar correndo em nossas veias e artérias.
Nada emociona. Não relaxamos. Tudo perde a relevância.
Comemos. E como comemos. Instinto de sobrevivência. O corpo entra em alerta avisando que precisamos ter reserva.
A fé não sustenta o pensamento. O irracional absorve os sentidos.
Damos tudo por perdido.
Reféns mendigos de seu domínio.
Possui-nos. Acossa-nos, intimida.
Enxergamos monstros em todo lugar.
O medo voltou a nos assombrar.
Pensas que é a morte que tentamos evitar?
Ledo engano.
Assusta-nos a indignidade, a perseguição sem causa, os ditames da pseudocompostura.
Nos agride o boicotar de nossos sonhos.
Sentimo-nos castrados em nossas opiniões, votos e opções.
O medo nos assola e espreita. Observa e marca um “x” enorme em nossa testa. Aprisiona.
Sem tornozeleiras, sem bolas e correntes de ferro.
Enjaulados e assustados em nós mesmos, buscamos desesperadamente um caminho a ser aberto na selva em que nos metemos, sem guia, sem bússola, sem mapa.
Acreditamos piedosamente inocentes que o desejo libertará o eu subjugado, instigando-nos à luta inevitável pela busca do éden perdido de nossa natureza ceifada.
Imagem: elaborada pela autora