Alvíssaras – falou sorrindo.
Ouvia o presságio adentrar meus sonhos roubando-me os planos.
Considerei me entregar para evitar a disputa.
Pensava assim enganar o destino.
Por sorte ou sem sorte.
Morto sorrindo a tudo observa impávido.

Seduzia.
Retrucava resoluta e insólita:
O meu presente não te pertence.
Ainda não coloquei traço no caminho, nem riscado no bordado. Meu rastro não tem pegadas.
A vitória não me escolheu.
Sussurrava em meus ouvidos:
Acalente-se em meus braços, faço-lhe retoques e babados.
Apago de você lembranças mal traçadas e desnutridas.
Rezava um cruz credo para afastá-la de mim.
Esconjurada.
A insônia protege o sono perturbado.
Não pregava mais o olho.
Não tardou acontecer.
Uma bênção auspiciosa me entorpeceu.
Desapegar-me-ia da materialização do ser.
Exausta e insone sucumbi a Morfeu
Tinha morrido muitas vezes em vida e este era o meu regalo.
Antes esquecida do que mal lembrada.
Ressurgiria magnânima em um outro condado.
Imagem: Autor desconhecido - em exibição no Parque da Ruínas - RJ - em festa temática do "Dia dos Mortos - México"