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DIAS DOS MORTOS




Alvíssaras – ela falou sorrindo.

Amarildo dormindo ouvira o presságio adentrar seus sonhos roubando-lhe os planos.

Acordado de supetão considerou se entregar para evitar com ela a disputa.

Pensava assim enganar o destino.

Por sorte ou sem sorte.

A Morte sorrindo a tudo observa impávida.

Seduzia.

Ele retrucava de forma resoluta:

- O meu presente não te pertence.

- Ainda não coloquei traço no caminho, nem riscado no bordado. Meu rastro não tem pegadas.

- A vitória não me escolheu.

Ela sussurrava com voz doce e suave em seus ouvidos:

- Acalente-se em meus braços, faço-lhe retoques e babados.

- Apago de você lembranças mal traçadas e desnutridas.

Rezava um cruz credo para afastá-la de si.

Xô esconjurada!

A insônia protegia seu sono perturbado.

Não pregava mais o olho.

Não tardou acontecer.

Uma bênção auspiciosa lhe entorpeceu.

Desapegar-se-ia da materialização do ser.

Exausto e insone sucumbiu a Morfeu

Tinha morrido muitas vezes em vida e este era o seu regalo.

Antes esquecido do que mal lembrado.



Imagem: Autor desconhecido - em exibição no Parque da Ruínas - RJ - em festa temática do "Dia dos Mortos - México"


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