A equivalência entre velhice e infância impacta estes dois tempos tão diferentes de nossas vidas.
Chegando a este mundo somos uma espécie que carece de cuidados para sobrevivência.
Nossos sons devem ser decifrados para pronto atendimento de nossas necessidades básicas.
Nossas excrescências com zelo limpas e descartadas.

Incapacitados de remanescer sozinhos, na infância somos alimentados e confortados.
Quando crianças monitoradas. Vigiados para não nos perdermos em nós mesmos.
E assim caminha a humanidade.
Ironicamente no final da linha que chamamos de tempo voltamos ao início.
Refazemos o caminho já trilhado. Desta feita olhando e enxergando a paisagem.
A estrada conhecida encontra-se irremediavelmente marcada com os totens por nós colocados.
Ressurge a necessidade de cuidados. A comunicação nos é surrupiada.
Retornamos ao processo do carinho, cuidado e vigília.
Constrangemo-nos por nossos odores e inconvenientes supervenientes.
Retornamos à incapacidade.
A consciência nos assalta impiedosa e fortemente armada.
É ela quem nos constrange aos olhos dos outros. É dela que resulta a vergonha, o orgulho e a vaidade.
A resiliência nos salva da constatação do excesso de crítica de nossos precários egos.
Como dizia minha falecida tia Rosalva:
“Quem de moço não morre, de velho não escapa”.
Imagem: Unsplash/Holger Link