top of page

VELHICE E INFÂNCIA


A equivalência entre velhice e infância impacta estes dois tempos tão diferentes de nossas vidas.

Chegando a este mundo somos uma espécie que carece de cuidados para sobrevivência.

Nossos sons devem ser decifrados para pronto atendimento de nossas necessidades básicas.

Nossas excrescências com zelo limpas e descartadas.


Incapacitados de remanescer sozinhos, na infância somos alimentados e confortados.

Quando crianças monitoradas. Vigiados para não nos perdermos em nós mesmos.

E assim caminha a humanidade.

Ironicamente no final da linha que chamamos de tempo voltamos ao início.

Refazemos o caminho já trilhado. Desta feita olhando e enxergando a paisagem.

A estrada conhecida encontra-se irremediavelmente marcada com os totens por nós colocados.

Ressurge a necessidade de cuidados. A comunicação nos é surrupiada.

Retornamos ao processo do carinho, cuidado e vigília.

Constrangemo-nos por nossos odores e inconvenientes supervenientes.

Retornamos à incapacidade.

A consciência nos assalta impiedosa e fortemente armada.

É ela quem nos constrange aos olhos dos outros. É dela que resulta a vergonha, o orgulho e a vaidade.

A resiliência nos salva da constatação do excesso de crítica de nossos precários egos.

Como dizia minha falecida tia Rosalva:

“Quem de moço não morre, de velho não escapa”.

Imagem: Unsplash/Holger Link


© Copyright

© 2017 Cristina Fürst. All Right Reserved.

bottom of page