Tinha saído de uma dieta de restrição a carboidrato. Feliz por desinchar não resistiu ao se deparar com uma loja especializada em tortas e doces.
Era louca por torta de bem-casado.
Já com água na boca pediu a atendente um pedaço da maravilhosa torta, e um café para acompanhar.
Sentou-se em uma das quatro mesas disponíveis naquele recinto apertado, mas que a gula tornava acolhedor. A princípio.
Foi quando chegou ela, com força desproporcional para o ato, praticamente jogou o prato de torta solicitado a sua frente, com ímpeto de uma zebra em fuga de predador.
O susto foi tão grande, que ela sequer conseguiu comer toda a fatia.

Terminou rápido o café e levantou-se para ir ao caixa pagar o malfadado lanche.
Percebeu a dita cuja por trás do balcão olhando-a fulminantemente de forma a insinuar que ela deveria recolher suas sobras e restos.
Em geral, tinha o costume de devolver sua bandeja em praça de alimentação de shopping. Mas ali, em um lugar tão minúsculo, confessou que ficou em dúvida se retirava ou não sua xícara e prato.
Diante de tal olhar ameaçador, como uma mãe da antiga a lhe dizer o certo e o errado. Não titubeou. Rapidamente recolheu seus resíduos.
Pagou a conta coagidamente com olhar baixo e enrubescido.
Foi embora se sentindo mal.
Acreditava ter entrado em um local especializado em doces onde seria acalentada e confortada pela docilidade. Entretanto sua consciência em formato de atendente alemã parecia perceber sua transgressão alimentar, alertando-a a nunca mais tentar.
Imagem: Unsplash - Toa Heftiba