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O PORTO


Perdi a conexão já faz tempo.

A minha alma chora sua perda.

O contato agora parece-me somente mental.

O distanciamento é tanto que falta assunto. Falta dia a dia. Falta rotina.

Não morreu. Pelo menos não saiu desse mundo.


Não que eu saiba. Pleonasmo, se também nada sei.

As informações colecionadas são de tempos idos.

Em meus pensamentos desejo-lhe sorte, saúde e fortuna.

Entrou em minha vida de forma triunfal.

Foi embora sem deixar pegadas nem rastros.

Estranha a sensação de despedida por ausência de adeus.

Conecto minhas antenas neurais em sua direção para percepção de suas necessidades não mais comunicadas verbalmente.

Sinto sua falta física em meu coração.

Aprendo a amar por aclamação.

Entendo meu lugar.

Estou no mesmo endereço.

A orfandade às avessas não me ofende. Extravasa.

Saudosa construí para você um porto.

Coloquei nele um mastro. Icei uma bandeira vermelha, torcendo para que um dia você ancore por aqui.

Imagem: Unsplash/Warren Wong


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