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AMIGA OCULTA


Chegou em nossa casa incógnita. Totalmente disfarçada. Chegou no vento.

Diz ter feito grande esforço para tal. Estava desacostumada a driblar sua rotina exaustiva para ver os amigos.

A nossa profissão inibe a amizade esdrúxula e ambígua.

Difícil manter qualquer relação no limiar público do delicado.


Para nós foi uma honra.

Sabedoras que somos de ser ela uma pessoa pública, tínhamos ciência de tudo que envolve o ato de receber uma personalidade em casa.

E lá ficou, aparentemente solta e relaxada. Tomou vinho, contou a vida – toda - nos agraciou com sua prosa sempre divertida e inteligente.

Para nós é bizarro termos uma amiga oculta, mas em proximidade de época natalina até que essas bisonhices fazem parte do cenário.

O carinho e aconchego do encontro propiciou viagens emocionais de profundo êxtase.

Nossos sentidos se inebriaram.

E do jeito que veio ela foi.

Desapareceu no vento.

Ninguém viu, ninguém sabe.

Não encontraram vestígios.

Foi este o relatório.

Fonte da imagem: Ilinca Roman


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